segunda-feira, 25 de julho de 2011

Editor da Folha diz que jornais dão mais audiência que programas de TV

Em artigo publicado no domingo (24/7) - no caderno Mercado, da Folha de S. Paulo - o editor-executivo do jornal, Sérgio Dávila, afirmou que os jornais brasileiros nunca foram tão lidos e que essa crescente de leitores e vendas, rende mais audiência aos jornais do que qualquer atração exibida atualmente na TV brasileira. “Nunca se leu tanto no Brasil”, inicia o texto do jornalista.
A constatação de Dávila é baseada em pesquisa levantada pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), com 98 dos jornais afiliados ao órgão de pesquisa, que aponta um crescimento na circulação de 4,2% sobre o mesmo período do ano passado. Com a soma dos não afiliados ao IVC, segundo estimativa da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), o salto chega a ser de 8,4 milhões de edições vendidas diariamente.
Por último, o editor-executivo da Folha utiliza como fonte o mercado publicitário. “Se entre três e cinco pessoas leem um exemplar de jornal (...) estamos falando de 25 milhões a 42 milhões de leitores”, escreveu. Dávila compara o número final de leitores com a quantidade de telespectadores existentes para cada programa.
“Para o Ibope, um ponto de audiência no que chama de Painel Nacional de Televisão (...) equivale a 577 mil indivíduos. Na comparação (minha, não do Ibope), juntos, os leitores de jornal no Brasil equivaleriam à audiência nacional de um programa de TV com, no mínimo, 43 pontos”, e completou: “Seria o campeão de audiência entre todas as atrações no ar hoje em dia”, analisou o jornalista.

Ranking IVC (circulação diária – exemplares)
1º - Folha de S. Paulo – 305.522
2º - Super Notícia – 301.909
3º - O Globo – 264.382
4º - Estado de S. Paulo – 252.999
5º - Extra – 235.541

*Texto extraído do site www.comunique-se.com.br, no dia 25 de julho de 2011.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Turma de 2011 apresenta trabalho sobre Cinema

Mayara Lucio*

A nova turma de alunos de pós-graduação Comunicação: Linguagens Midiáticas apresentou trabalho finalizado em Storyboard, orientado pelos professores Glauco Toledo e Roberta Assef do módulo de Cinema.
Com a turma separada em três grupos, o processo para construir o storyboard começou em cada grupo montar a história narrada (com começo, meio e fim); após isso, tiveram que identificar as sequências da trama, para iniciar a elaboração das cenas no roteiro. Todo esse processo foi orientado pela professora Roberta Assef, que demostrou as técnicas e sua finalidade, bem como a questão de estereótipos de personagens sobre a história do cinema e as técnicas de movimento da câmera e planos de filmagem.
Para concluir o trabalho e tirar a história do papel para a ‘telinha’, o professor Glauco Toledo mostrou mais um pouco sobre a história do cinema e a sua evolução de acordo com o contexto histórico, ressaltando também a linguagem cinematográfica. Explicou o que é storyboard e qual a sua utilidade, usando como exemplo os quadros do filme “O Clã das Adagas Voadoras” (2004).
Storyboard são sequências de quadros que servem para pré-vizualizar as cenas de um filme, curta ou qualquer outro tipo de audiovisual, de acordo com a mudança de fala, movimento, e dependendo de cada leitura feita para realizá-la.
Acompanhe os Storyboards realizados pelos alunos da turma de 2011.

“Sem fronteiras” – realizado por Alex Vissoto, Bruna Pires, Danilo Zanott, Fernanda Marchioretto, Juliana Franco, Juliana Ninin, Larissa Menara, Mariana Lellis, Pamela Silva, Renan Tobace e Tarso Eric.

“Por trás do Espetáculo” – realizado por Bruna Silva, Dayane Malta da Silva, Carollina Castro, Gisele Donadeli, Karina Hauch, Matheus Lopes, Mayara Lucio e Welington Zana.

“O Último Ato” – realizado por Flávia Rossi, Giselle Prado, Joyce Cury, Leandro, Marcela Oliveira e Maurício Falleiros.

*Mayara Lucio Farche é aluna do curso de pós-graduação Comunicação: linguagens midiáticas, turma de 2011, do Centro Universitário Barão de Mauá.  

terça-feira, 5 de julho de 2011

Feira Literária de Paraty - FLIP


Consolidada no calendário mundial como um dos mais importantes eventos de literatura, a Feira Literária de Paraty (FLIP) chega a sua nova edição fazendo uma homenagem ao autor brasileiro Oswald de Andrade, um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 22. 29 autores de 13 nacionalidades se reúnem de 6 a 10/7 para discutir poesia, ciência, religião, jornalismo literário, crítica musical, quadrinhos, contos, arte contemporânea e história.
Diferente da edição do ano passado, que foi marcada pelo traço acadêmico, a FLIP 2011 investe forte na ficção. O crítico Antônio Cândido faz a conferência de abertura do evento, falando sobre Oswald de Andrade, e um dos principais nomes internacionais que prestigiam a feira literária é o escocês David Byrne. Músico da banda Talking Heads e escritor, Byrne vem ao Brasil falar sobre seu último livro, 'Diários de Bicicleta', e sobre essa 'vida dupla' no mundo do entretenimento.
Outros destaques incluem o escritor norte-americano James Ellroy - um dos principais autores de livros policiais, com sucessos como Dália Negra e Los Angeles Cidade Proibida - que escolheu a FLIP para lançar seu novo livro. Nas Tendas de Autores participam importantes nomes da literatura brasileira, como João Ubaldo Ribeiro e Ignácio Loyola Brandão, além da presença do italiano Antonio Tabucchi, o americano David Remnick, o português Valter Hugo Mãe e a argentina Póla Oloixarac, entre outros.
Nos tradicionais debates promovidos pela feira, a mesa 'O humano além do humano', conta com a presença do neurocientista Miguel Nicolelis e do filósofo Luiz Felipe Ponde, discutindo divergências e confluências entre ciência, filosofia e arte. O show de abertura traz José Miguel Wisnik, Celso Sim e Elza Soares, e o encerramento será marcado pelo espetáculo 'Macumba Antropófoga', encenado pelo Tetro Oficina Uzina Uzona. Obrigatório para os amantes das letras!

Serviço:
Para informações sobre a FLIP, acesse http://www.flip.org.br/
Para a compra de ingressos, acesso www.ticketsforfun.com.br 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tecnologia estende nossa comunicação

O autor Henry Jenkins comenta o crescimento do acesso à rede no País e especula como isso pode mudar a forma como o brasileiro conta histórias.


Henry Jenkings, autor de “Cultura da convergência”

Amanda Demetrio*

Não são as belezas naturais do Rio de Janeiro que trazem o professor e pensador Henry Jenkins ao Brasil, e sim a forma como os brasileiros estão contando suas histórias com a ajuda da tecnologia.
Autor do livro "Cultura da Convergência", ele participará da 7ª edição do Descolagem, que ocorre no Rio, no próximo sábado. À Folha, ele falou sobre o impacto das novas tecnologias. Leia, abaixo, os principais trechos.

Como você vê o impacto das novas tecnologias na vida das pessoas?
Frequentemente, nós fazemos perguntas sobre como as tecnologias estão afetando nossa vida, mas eu gosto de questionar o que nós estamos fazendo com as tecnologias. Colocando isso em um nível mais simples, estamos usando as novas mídias para aumentar nossa capacidade de comunicação em todos os aspectos da nossa vida. Nós as usamos para aumentar nosso alcance, para que possamos nos comunicar com pessoas do outro lado do planeta.
Também podemos usá-las para acelerar a velocidade da nossa comunicação, o que acaba acelerando o ritmo de certas rotinas diárias. Estamos nos apropriando das novas tecnologias para sermos capazes de compartilhar ideias com uma quantidade de pessoas muito maior.
Assim, um vídeo produzido por um adolescente no quarto dele tem o potencial de atingir milhões por meio do YouTube, apesar de não existirem garantias de que isso irá acontecer. Então, para aqueles que estão mais imersos nas mídias digitais, todas as transações (entre as famílias, com os amigos, com os parceiros de negócios) estão mudando, como resultado do que estamos escolhendo fazer com essa extensão da nossa capacidade de comunicação.

Como o mundo visto por meio de várias mídias (no modelo transmídia) mudou o jeito como consumimos conteúdo?
O jeito mais claro de pensar sobre isso é por meio de um exemplo que tomou os jornais na semana passada: o anúncio da autora J. K. Rowling. Ela lançou o Pottermore, uma espécie de rede social voltada para a leitura interativa da série de livros "Harry Potter".
O anúncio de Rowling tem duas premissas básicas: a de que os leitores são uma parte ativa da experiência de leitura criada por ela e a de que os leitores estão sedentos por mais do que eles podem ter com os livros e filmes que já existem. Ela está criando algo novo, que aumenta os recursos disponíveis para os fãs dos livros -- ela prometeu mais de 100 mil novas palavras sobre o mundo em que Potter vive.
Mas esse novo conteúdo estará disperso no tempo, integrado nas margens dos livros originais e disponível apenas on-line. Isso representa uma nova relação entre um autor e seus leitores, um relacionamento que envolve contínuas interações e extensões da ficção criada pela autora e que envolve algum nível de engajamento feito por meio da rede social que ela construiu ao redor do livro.
Isso também dá a Rowling um controle maior sobre a publicação de novas informações e sobre sua relação com os fãs. Essa é a promessa do mundo transmídia. Mas isso fica mais complicado, já que existe uma infraestrutura de fãs que cresceram ao redor desses livros e filmes e que já faz, independentemente, um pouco do que ela está prometendo fazer com o Pottermore. Então, ela vai ter que negociar com as expectativas dos fãs e tentar compreender o jeito com que eles vão lidar com a história. E essa é a luta de se estar entre a web 2.0 e a cultura participativa.

O modelo transmídia, por meio do qual é possível contar histórias com o uso de vários meios, já é visto no Brasil?
Isso é parte do que eu quero aprender mais durante minha viagem. Eu já estive no Rio de Janeiro e em São Paulo e pude conhecer pessoas supercriativas na Rede Globo, um centro importante para a produção de novelas e uma empresa que está interessada no entendimento completo de o que a transmídia pode trazer. Ainda tenho muito o que aprender sobre o papel da mídia no seu país, mas tudo o que eu já aprendi sugere que o Brasil está prestes a se tornar uma superpotência da mídia e da cultura pop.

No Brasil, o acesso à internet ainda não é para todos. Acha que vamos nos apropriar da rede de uma maneira diferente do que ocorreu nos EUA?
Nós temos combinado mídias diferentes para contar histórias durante a história da humanidade. No meu país, a internet tem sido uma peça-chave no processo transmídia, mas não há razões para que isso tenha que ser o centro da transmídia no Brasil. O modelo transmídia envolve usar a mistura mais apropriada de plataformas de mídia para uma história particular, para atingir uma audiência em particular. E isso pode ser feito por meio de formas tradicionais como músicas, performances ao vivo, comunicação oral e escrita, arte, transmissão de TV e filmes.
Parte do que torna o Brasil um lugar interessante nesse processo é que vocês têm práticas de cultura popular vibrantes --o samba e o carnaval, por exemplo-- que ainda fazem parte da rotina das cidades. Nos Estados Unidos, as práticas populares foram quase que extintas com o crescimento das mídias de massa.
Eu vejo a cultura de participação tomando forma na intersecção entre as culturas populares e a cultura digital, então, enquanto o Brasil se torna mais on-line, é possível que a sua cultura digital tome um formato diferente, por causa da sua forte tradição popular.

Como a organização das pessoas em rede pode ajudar os países em desenvolvimento?
A comunicação feita em rede permite que as pessoas juntem recursos para o benefício de todos. Nós sempre tivemos redes sociais. Em várias comunidades mais pobres, as pessoas sobrevivem cuidando uns dos outros, trocando favores, emprestando recursos, resolvendo problemas de uma maneira coletiva. Essas práticas têm muito em comum com o que começamos a ver com o surgimento das comunidades on-line.
Essas comunidades são, como o antropologista norte-americano George Lipsitz sugere, ricas em rede, mas pobres em tecnologia. Então, com um Brasil mais on-line, poderemos ter os mais pobres ensinando os mais ricos sobre como viver em uma economia de rede.

Pelos seus livros, podemos ver que você é um grande estudioso do comportamento dos fãs. Como você acha que a tecnologia permite que os fãs sejam mais criativos?
Eu não diria necessariamente que a tecnologia permitiu que os fãs fossem mais criativos. Eles sempre foram criativos e foi isso que me levou a estudar o comportamento deles há mais de duas décadas. Os fãs são uma comunidade popular e viva que usa os recursos das mídias de massa para criar e compartilhar o que eles criaram com outros. Eles usam qualquer ferramenta que estiver disponível.
Eles fizeram criações com máquinas de fazer cópias, eles editaram vídeos usando dois videocassetes. Sim, existem novas formas de produção cultural na era do YouTube e do Facebook, mas o que realmente mudou é a natureza com a qual as culturas circulam.
Isso é o centro do meu próximo livro, que estou escrevendo com Joshua Green e Sam Ford. No passado, as pessoas faziam vídeos caseiros que eram domésticos no conteúdo e na exibição, e eles não saiam da esfera privada. Hoje, os vídeos caseiros, na verdade, são filmes públicos --eles se espalham on-line das maneiras mais diferentes. E a mídia criada pelos fãs está coexistindo com a mídia oficial para moldar a percepção do público de um universo ficcional específico. Isso está dando aos fãs uma influência cultural muito maior do que eles tinham antes.

Como podemos lidar com as questões dos direitos autorais quando estamos falando de um mundo constantemente recriado pelos fãs?
Nós precisamos repensar os direitos autorais e o seu uso justo. Nossa estrutura atual de leis foi desenhada para acomodar as necessidades de uma cultura em que um número limitado de pessoas poderia produzir e compartilhar informações. Agora, vivemos em um mundo onde mais e mais pessoas são capazes de participar da cultura nesse nível, e, ao democratizarmos a participação na criação de ideias, nós temos que mudar a propriedade intelectual para um direito que possa ser de todos os membros da sociedade.
Nós temos o direito de participar significativamente da nossa cultura e isso inclui o direito de citar e responder a materiais produzidos pela nossa cultura.
Isso não significa que as empresas ou os autores tenham que desistir de controlar o que acontece com suas ideias, mas significa que eles têm que perceber que o seu controle sobre esses materiais nunca é absoluto.
Os autores sempre criaram a partir do trabalho de outros autores e o que mudou é apenas que agora temos uma classe muito maior de pessoas querendo ser autores da cultura.


*Amanda Demetrio é jornalista e fez essa entrevista para o jornal Folha de São Paulo. A reportagem foi publicada na editoria “Folha Tec”, do dia 29 de junho de 2011.